(Riobaldo, in G. Rosa)
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Na noite do sertão
primavera de 2008
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Vou estar com você amanhã e penso que ainda falta preparar muitas coisas (algumas que prometi, inclusive). Mas, sim, o doce de leite e o queijo já estão comprados. Ouço o Lô (no meio de papéis para ler) porque Clube da Esquina te faz mais próximo, antes mesmo da sua chegada, e "... lá se vai mais um dia, e basta contar compasso, e basta contar consigo, que a chama não tem pavio, de tudo se faz canção, e o coração na curva de um rio, rio ..." . Me pego relembrando a primeira vez que te vi e o que pensei (mas isso é somente meu e, para ti, basta o que digo sempre). Sinto-me feliz, ainda que deseje mais. Acredito que sempre desejarei. Assim, entre tantos e tantos devaneios, sonho com pão e o café com leite quentinho compartilhado de manhã. Com os pés no chão, descalços, caminhando pela rua de nossa casa. Deitar no sofá para ver os desenhos que gostamos. Viajar com a cabeça no teu colo. Passear por exposições diversas (mesmo procurando por mil caminhos o caminho certo) e ouvir as músicas que você conhece e eu não. É, nem sempre conheço o teu mundo. Mas sinto que quero. Também cada vez mais.
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Em tempos passados eu já tinha dito que, em mim, algo se gasta e algo se gesta. Verdade. Algo se gesta e se bem me lembro de uma fala tua, quando questionei sobre o amor, sei que apontou a presença de anseios comuns. Isso igualmente se gesta ou se encontra. Recordo Bachelard (o amor ainda é, para duas pessoas que se amam, o contato entre duas poesias e a fusão de dois devaneios) e ele tem razão. Isso nos conduz. Isso tem nos conduzido. Agora, é meu desejo que possamos cuidar disso. Cuidar de nós. E olhe que, nesse ano, a minha palavra é "cuidar de mim", mas, se muito me sei, cuidar de mim é também cuidar do outro e vice-versa. Entrelaçar. Entremear (não é por acaso que, como você, gosto dessa palavra). Então, seja bem vindo, porque eu te amo, tanto... tanto.
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